Então antes que eu guarde novamente, aqui vai um abraço pro meu amigo Elcio, que tá lá... na vida boa em Sergipe, e espero que esteja tudo como sempre amigo, maravilhoso! Tenho aqui também mais abraços, pro Jota meu irmão, pro Alê, pra Bebel vai um beijo gostoso, pro Thiago meu filho um beijão também! e prometo que vou guardar menos as emoções e tentar cada vez mais expressá-las!
Tá vendo como fiquei tocado com o texto?
Vamos ao texto da Marli:
O que é que você tem escondido aí? Por Marli Gonçalves
E nem sabe, nem lembra? Achados os perdidos, vocês vão ficar surpresos com nossa capacidade de guardar coisas e segredos.
Todo mundo tem ou teve vontade de guardar tão bem alguma coisa que esqueceu onde botou. Esqueceu até da coisa. Estranhamente, a coisa sumiu, ficou invisível, transparente para os seus olhos, desintegrou-se no tempo. Você passou ali todos os dias dos últimos anos, mas não a viu, nem se lembrou dela, do que guardou. Da coisa. Estamos falando dela.
Já sei. Você já está aí agora pensando em quantas e quais dessas coisas que guardou, hein? E até das que já encontrou! É como achar dinheiro no bolso da calça guardada no armário, no bolso da camisa. Lembra da sensação? E quando você nem lembra mais de por que guardou aquele negocinho tão bem? E quando aquele negocinho nem precisava ter ficado tanto tempo escondido, coitado! Poderia ter sido libertado antes. A pessoa que não podia vê-lo, ou encontrá-lo, nem existe mais; pelo menos na sua vida.
E quando você encontra (ou esconde) coisas como se fosse uma criança? Um brinquedo. Um souvenir que você tenha dado a Elza em algum lugar, discretamente. Uma lembrança de um encontro importante. Um autógrafo! Uma foto horrorosa sua que você tinha literalmente enterrado - porque é difícil ter coragem de rasgar fotografias. Diz que não! Conheci raras pessoas capazes desse desprendimento.
Notei que estou um pouco mais minimalista e desprendida nesses últimos tempos porque, sem crises existenciais, eu joguei muuuuita coisa fora! Louca, rápida, tentando não pensar muito. Embora continue não pensando em rasgar nem dinheiro, que infelizmente não encontrei, nem fotos, e muitas, acreditem, sem qualquer sentido, nem sei quem são umas pessoas. (Continuei guardando um monte de outras coisas, só que agora sei o que tenho e onde está. Pelo menos a princípio, pela lógica).
Sempre guardei muita coisa. Coisa de geminiano. Quem sabe um dia não vou precisar? Não vou usar? Não vou querer? E as coisas atarracadas comigo, anos, cinco mudanças na vida. E, como jornalista há 30 anos, imaginem a quantidade de papel, recortes, projetos. Já viu o quanto papel pesa? E o que contém de bobagens?
Já vi que mudei de assunto de novo, contando minhas histórias. Mas também dei tempo de você pensar para responder: que é que você tem guardado escondido aí? Além de Raios-X, exames médicos de décadas, chapéus. (Dou esse exemplo porque quando eu juntei todos os meus, fiquei surpresa. Vi que tinha uma caixa de chapéus, o que inclui bonés, chapéus de praia de todas as cores, algumas estampas, e ainda, no meu caso, um chapéu de cowboy, 2 panamás e um de... equitação, que minha mãe achou lindo e me deu uns 30 anos atrás, sendo que eu nunca pensei em ser nenhuma amazona!)
Como tenho contado, precisei mudar e para um lugar um pouco menor. Nada sério, mas sentia que precisava revisar tudo o que tinha - tudo, todas as gavetas, caixas, caixinhas, pacotes, tudo o que pudesse conter algo, que eu ali tivesse deixado um dia. Foi bárbara essa parte! Durou um mês, por causa de minha falta de tempo, mas consegui. Achei mapa astral que foi bom reler, muitos botões, pregos e parafusos, chaves (adoro chaves, encontrar chaves nas ruas), bijuterias de todas as últimas décadas, até das que não vivi!
Vou dizer mais: não tive coragem de relê-los, mas também encontrei muitos textos, anotações que fiz, esparsas. Frases soltas. Desabafos. Pequenas afirmações. Confissões íntimas. Quem sabe um dia não as revele? Cito nomes? Melhor não! Gosto mesmo de uma pitadinha erótica em meus textos. Talvez um dia revele esse meu outro lado. Talvez sim, talvez não.
Chega de ganhar tempo, então. Diga: que é que você tem escondido aí? Pense. O que você guardaria tão bem? Coisas que seu parceiro (a) jamais possa ver, por exemplo, seu segredo mais oculto. Um livro? Uma foto? Um disco? Uma jóia? Um cartão postal? Uma agenda antiga? Uma carta? Uma camiseta velha? Uma calcinha? Uma cueca? Uma meia? Um brinco? Uma arma? Um diário secreto? Um desenho? Uma flor seca de uma tarde romântica com outro alguém? Algo de seu pai? De sua mãe? Algo proibido para menores? Algo apenas proibido?
Cuidado, porque nesta brincadeira, de acordo com o que foi sua vida há alguns anos, nos Anos 70, 80, 90, se é que me entende, você pode acabar achando entre seus guardados a maior viagem! Um ácido grudado em alguma coisa, a ponta daquele iceberg, uma latinha cemitério, uma "bolinha" (não era lindo como chamávamos as balas de antigamente?). Um Mequalon! Um Mandrix! Ah, agora gostou que eu lembrasse esses nomes, nem tente disfarçar - principalmente se nós formos contemporâneos. Você sabe muito bem do que eu estou falando. Senão, deixa para lá, que não vale nem a pena explicar.
Dizem que só quando uma pessoa muda ela descobre tudo o que tem. Pura verdade. Nem que seja mudar só uma coisa, inclusive de lugar. Para este lugar aparecer, outra coisa saiu. Esse simples fato já faz mudar. É o princípio do TAO, da Grande Sabedoria, do movimento do círculo, do Yin eYang. Eles sempre precisam um do outro para equilibrar um jogo. O Yin e Yang são inseparáveis. Na visão cabalista, Yin e Yang representam o céu e a terra, e podem explicar o estado de constante mutação do universo.
Pronto, fui longe de novo. Voltando: que é que você tanto guarda escondido aí? Para de disfarçar, e vai procurar!
São Paulo, fevereiro, como me contaram e eu repasso, véspera de um dia muito especial de planetas (dia 14, a Lua em Libra entra na sétima casa dos relacionamentos; Júpiter e Marte alinham-se no signo de Aquário. na décima segunda casa da transformação espiritual, situação rara cantada na Música Aquarius).
* Marli Gonçalves, jornalista, adora o I-Ching, o Livro das Mutações. Mudou tudo de lugar. A mesa da cozinha foi para o escritório; a do escritório, para a sala. Pintou tudo que era velho de branco, para ficar com cara de novo. Abriu espaço na própria vida. Jogou fora muita coisa que estava escondida, inclusive no coração. Quem sabe agora as coisas não andam? Quem sabe os novos espaços não sejam bem preenchidos?
Obrigado Marli, sempre com textos bem legais.
Abrasssssssssssssss!
Marcelo Guernieri
Quer tirar as coisas da gaveta e descobrir novos caminhos na internet? www.on3w.com.br
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