quarta-feira, julho 25, 2007

Algo mais sobre a Lei que julguei relevante...

Lei “Cidade Limpa” Beneficiará as Marcas

Propaganda de rua terá que ser criativa e ambientalmente correta.

Terminou em 31 de janeiro de 2006 o prazo para que os estabelecimentos comerciais se adequassem à Lei Municipal paulistana 14.233/06, apropriadamente conhecida como “Lei Cidade Limpa”.

Trata-se de uma Lei bastante restrita, já que estabelece critérios para a comunicação de marcas, em todos os negócios e setores. Eis algumas delimitações:

- Nenhum anúncio poderá ser colocado acima de 5 metros do nível da rua;

- Os anúncios não poderão avançar além de 15 centímetros sobre a fachada;

- Nenhuma edificação poderá ter mais do que 20 metros quadrados de anúncio;

- Na restrição anterior, cada anúncio deverá ser separado por uma distância de 4 metros entre eles, e apenas se o local tiver 100 metros lineares ou mais de fachada;

- Em espaços menores os anúncios terão no máximo 4 metros quadrados;

- Estão proibidos banners, faixas ou anúncios de vitrine. As multas são pesadas: R$10 mil por anúncio irregular, além de R$1 mil por metro quadrado que exceder os 4 metros quadrados de anúncio. Os valores vão sendo dobrados a cada 15 dias enquanto o anúncio não for regularizado.

A Lei se encontra sob fogo cerrado, como era de se esperar de uma iniciativa que mexeu com muitos interesses. Há uma grande indústria por trás do modelo atual de comunicação na Cidade, o qual gera empregos e riqueza.

Mas não podemos ignorar que a Lei é correta, e que tem o objetivo de acabar com a terrível poluição visual de São Paulo. A solução foi deixada nas mãos da indústria durante muitos anos, e o que se viu foram exageros e o agravamento da poluição. Os anúncios era cada vez maiores, agressivos e invasivos, ocupando todos os espaços, encobrindo a arquitetura da Cidade, que já não é assim aquele cartão de visitas do qual podemos nos ufanar.


A Imagem das Marcas

Sempre nos perguntamos: como algumas marcas se deixaram levar pelo excesso na comunicação visual pública dos seus atributos? O que espera uma marca ao, por exemplo, patrocinar um anúncio apelando para beleza, sofisticação e prazer na ainda poluída Marginal Tietê? Será o poder da imagem da marca assim tão grande para nos levar àquele “eu ideal”, em pleno congestionamento fedorento? Patrocinar o embelezamento e manutenção do lugar traria benefícios duradouros para a comunidade, e certamente par as marcas envolvidas.

Com o excesso de exemplos ruins, alguns até de péssimo gosto, a comunicação visual de marcas tornou-se excessiva, dispersiva e de pouca ou nenhuma efetividade para a construção sustentada da imagem. Os consumidores precisam de imagem, mas também querem contar com a legitimidade da comunicação. É difícil acreditar que a comunicação visual, do modo como era feita, seria capaz de apoiar a criação de vínculos duradouros com os consumidores.

Tudo tem sido excessivamente moderno, mas ao preço de conseqüências nefastas: “Ser moderno é encontrar-se num ambiente que promete aventura, poder, alegria, crescimento, transformação de si e do mundo – e, ao mesmo tempo, que ameaça destruir tudo o que temos, tudo o que sabemos, tudo o que somos.”. (Harvey, David, apud Berman, 1982, p.21).

A comunicação de marcas, com indícios de desarranjos visuais, é danosa para o bem estar geral, inclusive entre os consumidores que as marcas tentam seduzir. Mas isso não quer dizer, absolutamente, que devemos prescindir da comunicação visual. A Lei, tampouco, almeja essa condição.

Os anunciantes, seus fornecedores e parceiros não podem “travar” diante da Lei. Ela tem tudo para “pegar” entre os consumidores os quais, em algum momento, mandarão muito mais que as liminares e as tentativas de assegurar o comodismo e a dificuldade de aceitar mudanças e transformações. Tal qual a obrigatoriedade de uso do cinto de segurança, e a proibição de se fumar em espaços públicos e até privados, certas leis desafiam abruptamente os mais arraigados costumes e vícios, principalmente porque vão de encontro ao interesse coletivo.

Os modos de ligação entre as marcas e os consumidores variam ao infinito: “o mesmo acontecendo, por conseguinte, com as formas de aproximá-los pelo conhecimento. Pode se supor que cada domínio de conhecimento tem a sua própria definição de comunicação, definição específica do campo por ela recoberto. Poderíamos assim conceber a comunicação como ´contato´, como ´energia´, como ´informação´ ou como ´memória´.” (Sfez, Lucien. 2000, p. 38).

As empresas podem se fazer lembradas, desejadas e até amadas, inclusive ao não fazerem nenhum tipo de comunicação paga, substituída em inúmeros exemplos pela presença, um cheiro ou pessoa que estabelece o vínculo necessário para as emoções agradáveis e as vendas sucessivas.

Muito além do recurso óbvio da comunicação escandalosa, existem inúmeros recursos inteligentes de aproximação e de relação com as marcas. Os arquitetos ganharão mais, e contratarão mais pessoas, pois serão mais requisitados para o tratamento interno dos ambientes e fachadas, as quais podem ser significativamente melhoradas, contribuindo para a transformação do nosso horizonte metropolitano.

Equipes de treinamento e capacitação de funcionários serão cada vez mais necessárias, já que a comunicação terá que ser individualizada, com chances maiores de acabar com a impessoalidade dos esforços de massa. A Internet, revistas, jornais e rádios serão solicitados como nunca. Não precisa nem dizer que os designers gráficos serão exigidos ao máximo para criarem soluções inteligentes de impacto em espaços reduzidos. Quem for bom terá muito trabalho para fazer. O prefeito Kassab deu uma ótima dentro. Parabéns São Paulo.

FONTE: http://www.globalbrands.com.br/artigos.asp?id=57



Abrasssssssssss!



Marcelo Guernieri

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quarta-feira, julho 18, 2007

LUTO



Escrevo este post com muita tristeza, pelas vítimas do acidente da TAM de ontem em São Paulo, e pelo nosso País, que está mergulhado numa queda sem fim, com tanto descontrole, corrupção e impunidade.

Marcelo Guernieri