segunda-feira, dezembro 07, 2009

Quer investir em mídias sociais? Seja relevante

Todo mundo fala em revolução da mídia social, mas será que os profissionais de criatividade realmente têm noção do quanto nossa vida mudou e o nosso tempo encurtou? Não adianta investir só para estar na moda.

Mídias sociais. Tema assunto do momento, ainda traz mais questionamentos do que respostas. E destas poucas, a maioria especula sob o mote: “vivemos uma revolução, então pouco se sabe quais os padrões que serão adotados no futuro. Muita coisa ainda está por vir.”

Sim, muita coisa ainda está por vir. Mas o que notamos visivelmente é o posicionamento tomado após tal desculpa: o planejamento feito para a tal da mídia social é inexpressivo, como se estivesse ali porque precisa existir, na base do “hoje em dia não pode faltar”.

Tenho a honra de estudar com uma professora que é mestre em história da comunicação. Seu nome é Jurema Brasil. Em uma de suas muitas aulas, ouvi uma teoria muito interessante do modo de vida com o qual estamos aprendendo a lidar: ela compara nosso período com a Renascença.

Obviamente não em questão de estética, arte e novos inventos. Mas em evolução da ciência, renovação das idéias, valores e, principalmente, da quebra de antigos paradigmas e a construção de outros – novos em folha – só esperando para serem desenhados pela mão de todos nós; a sociedade.

O mundo, que até o feudalismo era regido sob a esfera religiosa, ganhou nova forma com o advento da modernidade após o Renascimento. Nela, a esfera dominante foi a política. E assim chegamos até a Segunda Grande Guerra e a pós-modernidade. O mundo começava a ser regido pela esfera econômica.

E, com o acúmulo de bens em maior distribuição (onde a publicidade tem papel fundamental), um universo começou a ser criado em paralelo: o universo íntimo-pessoal.

É aí onde estão guardados seus valores religiosos e políticos, suas opiniões sobre temas polêmicos e tudo o que diz respeito a você e o que você gosta.

Tempo curto

Saindo do âmbito sociológico, quero talvez levantar uma questão um quanto tanto perturbadora.

Como anda seu tempo?

Você tem tempo para fazer tudo o que deseja, seus dias passam em uma velocidade tranquila, parece que está tudo em flat mode? Se sim, considere-se muito afortunado.

A grande maioria das pessoas que conheço está sempre em uma batalha travada contra o tempo. E não me refiro a atrasos, muito pelo contrário: a pontualidade nunca foi tão exigida. O fato é que a sociedade vive uma nítida impressão de que as horas sempre passam “voando”, e sempre fica alguma coisa para fazer depois. Aí entra a questão: será mesmo só impressão?

A definição é conhecida: o tempo é uma medida de espaço. Tente abstrair-se do conceito de horas; isto é apenas uma régua inventada. O ato de medir o tempo nos primórdios era baseado em observar a sombra do sol projetada. Ou seja, media-se o espaço que a sombra percorria.

Agora, pense na evolução da comunicação (ela é um reflexo da evolução antropológica). Após a comunicação primária (a fala, face-to-face) e a secundária (imprensa), o mundo sofreu a revolução midiática pelo audiovisual.

Antes mesmo do audiovisual, pense como a comunicação era disseminada: o homem em seu cavalo levando uma mensagem a outros reinos; levava dias, meses. Séculos depois, o telégrafo tinha um delay para o recebimento da mensagem.

E podemos assim citar tantos outros meios de comunicação ao longo dos séculos. A informação demorava a chegar. Mesmo a TV, se a notícia passasse pelo crivo do gatekeeper. Com a internet, o tempo de espera da informação foi reduzido ao mínimo possível.

Então, pessoas que obtêm respostas mais rapidamente tomam decisões mais rapidamente.

Tomando decisões mais rapidamente, terminam seus projetos mais rapidamente. Terminando seus projetos mais rapidamente, abraçam novos projetos e fazem mais coisas.

Com essa cultura do imediatismo, não deixamos de lado nossos sonhos e afazeres pessoais. E assim nossa agenda está sempre lotada. Complete com a faculdade ou a pós, a casa, a família e a namorada.

O tempo parece estar curto ou nós realmente o encurtamos?

Se tempo é uma medida de espaço e espaço igual à distância, com a internet encurtamos a distância (procure por termos como destempo e desespacialização) e consequentemente encurtamos o tempo.

Vivemos um período de descentralização. De poder e de coleta de informação, agora precisamos decidir o que fazer com isso. E, a mídia social veio para isso. VOCÊ constrói uma rede de pessoas com interesses comuns. E a distância não é, literalmente, nenhum empecilho. Pelo contrário, enriquece a troca cultural.

Agora que as peças estão na mesa, começamos a montar o enorme quebra-cabeça que é a “revolução da mídia social”.

Só no Brasil

• Orkut - 35 milhões de perfis ativos (Comscore)
• Média de navegação por usuário em mídia social - 4h/mês (Comscore)
• 87% dos brasileiros online estão o Orkut (Comscore)
• 17% dos internautas criam blogs ou sites (Cetic.Br)
• 51% dos internautas residenciais lêem blogs (Ibope/NetRatings)
• 5 milhões de perfis no Twitter (Info)
• 74% dos internautas do Brasil assistem vídeos online (Cetic.Br)
• 15% fazem uploads de vídeos (Cetic.Br)
• 43% ouvem rádio em tempo real (Cetic.Br)
• Facebook 2,7 milhões perfis de brasileiros (Ibope/NetRatings)

Certo. Agora enxerguemos a mídia social com um olhar um pouco diferenciado.

Não é nenhuma novidade, o conceito das premissas básicas do posicionamento corporativo em redes sociais. Vou ressaltar alguns, em resumo, para quem talvez não tenha visto:

A influência da mídia na escolha pessoal

Premissas:

#1 – O FOCO da rede social é a pessoa.
#2 – O tratamento com seu consumidor é baseado em um diálogo e não mais naquele velho monólogo de sempre. Ouça, entenda, responda.
#3 – Faça seus consumidores te amarem ou te odiarem. Mas não os deixe indiferentes.
#4 – Entenda que você estará gerenciando o risco da marca, e esta ficará imortalizada na internet. O que pode ser muito bom como o caso da Dell e do Starbucks. Ou, muito ruim, como o caso da Domino’s Pizza e KFC.
#5 – Saiba trabalhar as redes com o enfoque correto, assim sua comunicação será mais assertiva.

Exemplos de mídias para quem quer:

Se Comunicar

Blogs: Blogger, Wordpress
Microblogs: Twitter, Pownce
Redes sociais: Orkut, Facebook, LinkedIn, MySpace, Drimio
Eventos: Upcoming

Colaborar

Wikis: Wikipedia
Social bookmarking / Agregadores de sites: Del.icio.us e StumbleUpon
Social News ou crowdsourcing: Digg, Reddit, EuCurti, Rec6
Sites de opiniões: Epinions

Multimídia

Compartilhamento de fotos: Flickr, Zooomr
Compartilhamento de vídeo: YouTube, Vimeo
Livecasting ou transmissão ao vivo: Justin.tv
Compartilhamento de música/áudio: imeem, Last.fm

E, finalmente o que fazer e o que não fazer quando se planeja ações em mídias sociais:

O que fazer

Produzir conteúdo RELEVANTE
Ser transparente
Disseminar de forma inteligente
Ouvir os clientes
Interagir/relacionar-se
Estar pronto para críticas

O que não fazer

Enganar pessoas
Criar perfis falsos
Enviar spams
Comprar opinião

Outros dados sobre a internet no Brasil

Tem 64,8 milhões de usuários (um terço da população), onde 20,1 milhões são usuários que acessam à internet em suas casas. E destes, 82% utilizam banda larga. Tem como tempo médio gasto com navegação por mês 24 horas e 41 minutos (Setembro 09)

Tem 50% dos internautas utilizando cartão de crédito em suas compras. Tem 79% de usuários que fazem compras online. Teve em 2008, R$ 8,2 bilhões em vendas por e-commerce.

Segundo o Ibope / NetRatings, 76% dos consumidores não acreditam que a publicidade tradicional fale a verdade. E, campanhas partindo de mídias sociais podem ter um impacto 500 vezes maior se as mesmas partissem dos sites da empresa.

Os dados estão aí, de bandeja, e não há porquê menosprezar o potencial desta ferramenta que já devia há muito ter saído do status de novidade e se transformado em um canal completo de marketing.

Digo completo porque não se trata de um veículo comum. Existem ferramentas muito robustas no âmbito de mensuração e gerenciamento. Não tem desculpa para explorar, pois até análises e insights podem ser obtidos por algumas plataformas muito inteligentes.

Também, não se trata apenas de posicionamento online; a autenticidade do seu posicionamento nas mídias sociais deve ser refletida no off-line. E, as ferramentas também estão aí para cruzar os dados online e off-line e chegar o mais próximo possível do marketing 360º.

Para finalizar, gostaria de deixar explícita a minha idéia aos criativos:

Senhores diretores de arte e redatores, pensem na mídia social! Utilizem-na como uma nova interface de seus trabalhos, explorem suas particularidades e busquem diferenciais para a criação. É a hora de inovar, de crescer e marcar seu espaço!

Redatores, enxerguem nos míseros cento e quarenta caracteres, 140 oportunidades.

É uma revolução não só no modo agir e pensar, mas também de como transmitir idéias.

Lembrem-se, o sucesso de sua campanha agora é relativamente proporcional ao quanto ela é relevante para seus consumidores

Por Marcelo Mendonça Godoy

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